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JUREMA

RITO SAGRADO

                                              A JUREMA

                    por  Clovis Correia de Albuquerque Neto.

A Jurema é hoje o que a muito já havia sido, não só a descrição de uma planta; mas

também uma seita, religião, por vezes divindade ou até mesmo uma simples bebida.

Os antigos e primeiros usuários dessa planta posso apontar com precisão até porque hoje, ela predomina em 3 regiões com sobrevivendo em 3 tipos de clima diferentes, árido, semi-árido e tropical. É certo que um dos primeiros usuários foram os indivíduos da cultura maia e também os africanos do oeste, hoje esta planta tem fama em 2 regiões do Brasil, como um culto que vinha sendo feito pós-cultura maia, pois os índios da região peruana trouxeram o culto de tribo em tribo, paratrib os na Amazônia, mas como todos sabem é muito difícil um índio introduzir algo ou subtrair algo de sua cultura, prova disso é a colonização do Brasil pelos portugueses, sendo assim, o uso da jurema não foi dissipado exclusivamente pelas tribos peruanas no Brasil, mas por outras tribos no nordeste que já faziam uso da planta como "medicamento da alma". Os africanos começaram a usá-la muito antes; dizem alguns antropólogos, o fato é que no uso pelos maias a jurema é uma parte de um ritual, e no uso pelos africanos o ritual gira em torno desta parte. O nordeste brasileiro considera-se o centro de dispersão destes culto.O uso da jurema sofreu modificações e decaiu muito de acordo com as décadas, e hoje passou a ser um ritual, exclusivamente brasileiro e pernambucano, isso é com reconhecimento mundial, até porque a literatura contribuiu um pouco, José de alencar escritor de renome e cenário, autor de Iracema; no livro Iracema é uma mulher nativa do Brasil[índia], que tem o papel de sacerdotisa numa tribo, ela é guardiã do segredo do preparo da jurema.O culto é hoje muito difundido no estado de Pernambuco pela Comunidade Indígena de Atikum-Umã, que vive na serra de Umã no interior deste estado. Fora do cenário indígena,esta planta pode ser encontrada entre os praticantes da Umbanda, o ritual é sempre o mesmo, durante o preparo da jurema os que preparam tem de pronunciar o seguinte rito:

"Vou bebe minha jurema - dê no qui dé

e num paro mais - dê no qui dé

ô que mé, meu Deus - dê no qui dé.

aqui mesmo eu bebo

aqui mesmo eu caio"

[A acentuação gráfica do rito, é devido aos fonemas das línguas africanas que foram se

fundindo ao português, e também ao desconhecimento da gramática pelos escravos].Adiferenças entre os modos de consumo, desta planta que pode chegar a 2m de altura, sementes de 5 a 7cm, folhas curtas e em ramos, e frutos em vagem; varia entre o modo indígena e o modo afro.Osafricanos preferem consumir da seguinte forma: Vinho-da-jurema feito da folha,casca do caule e da raiz, aguardente e aditivos como o mel, canela, cravo-da-índia, gengibre, e até outras plantas alucinógenas como a Jurema.Os indígenas a consomem da seguinte forma: Rizoma seco reduzido a pó de, bebida feita da raiz macerada em água.. Cachimbo, da raiz e folhas secas.Existem várias espécies desta planta chamada vulgarmente de jurema, os seus nomes botânicos num contexto geral seriam muitos, por isso divide-se em 3 tipos mais utilizados nesses rituais.Mimosa Hostilis, é o principal mais utilizado. As variações climáticas faz com que elas dêem frutos em determinado mês ou não.A Mimosa é uma planta rica em DMT - Dimetiltriptamina, substância descoberta a pouco tempo no meio de drogas sintéticas, vem crescendo hoje na Europa, estudos a respeito da mimosa, com interesse principal em seu principal alcalóde(composto ativo), este alcalóide é hidrosóluvel e qualquer alcalóide deste tipo sendo alucinógeno é muito valorizado pela facilidade de manejo, ao contrário de outros alcalóides alucinógenos como o THC, que é liposóluvel e não oferece a mesma praticidade portanto.Um fato que deve ser lembrado para o uso dela ser considerado exclusivo brasileiro, é que suas espécies em cruzamento, formaram a espécie hostilis que é brasileira.

Essa espécie também tem uma quantidade anormal de DMT, portanto é mais alucinógena.

O tráfico de material de nossas matas, o Biotráfico, vem contribuindo para que pesquisadores holandeses, frances e ingleses, saiam na frente em relação a jurema, o que deveria servir de estimulo para o campo científico no Brasil fazer algo com a mesma eficiência dos exímios patenteadores de coisas alheias.

O DMT pode causar estados de intoxicação como os do LSD só que com uma duração de

tempo menor, quando é dito intoxicação, fala-se dos efeitos da planta no corpo, pois por elas serem usadas pelos indíviduos mesmo que diariamente isso não a tornaria agregada portanto ao seu organismo, uma mínima resistência aos efeitos de intoxicação, o corpo naturalmente iria criar, mas isso não tornaria a alucinação sentida como sendo insignificante ou imperceptível.

Todavia, é um alucinogéno dito como seguro,e que por haver diluição em água, o controle da substância no corpo seria mais rígido,já que a eliminação de líquidos se dá ao menos por 2 vias, enquanto que a de sólidos... Quanto a duração de efeitos e sua efetividade, isto vai variar de acordo com, a forma de uso,o ambiente,a quantidade e o uso ou não de IMAOs... A MAO, monoaminoxidase, de forma vulgar poderia ser descrita como aquela vovó, que acha que protege alguém com suas fofocas, de fato essa enzima protege o nosso corpo de algumas intoxicações, muitos neuro-cientistas acreditam a MAO ser uma falha, perante o seu papel relacionado com a Serotonina, que é um neuro-transmissor, que regula digamos assim; sua felicidade.

Só que a exemplo do que a MAO faz, com a serotonina que já é um regulador,ela regula

o regulador, tanto é que a base para anti-depressivos modernos, são os IMAOs, inibidores da monoaminoxidase, fazendo com que a MAO fique quase inativa, e melhorando a absorção de substancias psicoativas como a serotonina, ou como o DMT que é o alcaloíde da jurema.

Naturalmente certos individuos durante o culto ou enfim,o uso da jurema, misturam plantascomo o cipó caapi, o manacá (Brunfelsia uniflora Don), o maracujá silvestre (Passiflora sp.) , o tabaco, desses descritos acima, 2 têm atividade IMAO, isto também seria parte do "segredo da jurema", descrito no livro de alencar.O uso deste alucinogéno hoje sintetizado vem crescendo em sua forma recreativa e sintética e vem sendo descartado em sua forma natural e religiosa, não há registros de danos cerebrais ou qualquer outros danos físicos provocados por essa substância, não é recomendável o uso por pessoas com problemas psiquiátricos, assim como o uso de IMAOs.

Este pequeno resumo, não tem qualquer intenção de propagar o uso de tais substâncias,

tendo como em vista somente um foco, etnobotânico e religioso.

 

A Encantaria

                     A Encantaria é o resultado da fusão de todos os rituais existentes no Brasil antes da chegada do homem branco com sua cultura católica fetichista, mais a contribuição africana durante 350 anos. Tendo por tronco básico a ritualística indígena serviu de esteio e receptáculo para as demais tradições importadas. Na Encantaria poderemos facilmente encontrar traços, fragmentos e até grandes remanescências das influências ciganas, africanas, católicas, judaicas, árabes, celtas, gregas, romanas e, principalmente indígena.. Mas o grande sustentáculo da encantaria, é a cultura indígena Tupi-Guarani com sua ritualística maravilhosa, voltada para a flora e fauna com ritmos extasiantes e mágicos. Como “pangelança” no norte, “terecô” no Maranhão, “catimbó” no nordeste, “quimbanda” na Bahia, “macumba” no Rio de Janeiro e São Paulo e, “batuque” no Rio Grande do Sul, a Encantaria está espalhada por todo o Brasil sob diversas formas nomes e rituais.
                    A Encantaria não tem um ritual iniciático e doutrina específica. Cada casa ou “terreiro” segue sua própria doutrina, estabelecendo suas regras e forma de prática do ritual. Via de regra não estabelece raízes ou tradições sucessórias, a não ser que as tenha.

Os Encantados

Os encantados são as energias mais misteriosas e difíceis de serem definidas. São inicialmente divididas em grupos, a saber: Espíritos que viveram há mais de 100 anos (e até três mil anos), espíritos que não viveram e são etéreos e manifestam-se por holografia ou incorporação, espíritos que viveram com corpo físico e manifestam-se visualmente ou mediante contato com a dimensão paralela (quadrimensional quântica) e, finalmente os anjos das 3 categorias, “penosos”, discordantes e rebeldes, que se manifestam de todas as formas possíveis.

Boiadeiros

No rol dos encantados estão todos que não são Orixás, todos que não são Voduns e todos que já são resultado da miscigenação entre Voduns e Orixás (ambos africanos), e os espíritos da terra, aqueles que já estavam aqui quando o homem branco e o negro chegaram. Vulgarmente são chamados de Caboclos em algumas regiões ou Encantados e mestres outras regiões.Um dos grupos mais presentes e pouco conhecido, é o de Boiadeiro, “O Senhor do Portal do Tempo e das Dimensões”. Atendem por nomes como Navizala, Divizala, Itamaracá, Lua Nova, Campineiro, Gibão de Couro e muitos outros codinomes que escondem sua verdadeira origem e missão.
Por serem “fechados” em suas falas pouco se aprendeu sobre este grupo de encantados até hoje. Mas podemos afirmar que trata-se de uma “falange” poderosíssima, com altos conhecimentos místicos, astronômicos e litúrgicos. São capazes de promover fenômenos indescritíveis se invocados da forma corretas com os “apetrechos” certos.
Durante anos as Casas de Candomblé de Angola (Endembo, Mushi-Congo, Tumba Junçara) e Xambá, costumavam após o término do ‘Shirê” Ti Inkisse (roda de santo de Angola), fazer um toque de louvação à Boiadeiro, toque este que rompia a madrugada com o dia clareando e muita Jenipapina. Isto sem se falar nas cantigas conhecidas por “sutaque” que vêm do fundo da alma e são feitas de improviso.

Jurema Considerada a mais popular e poderosa ritualística de Encantaria brasileira o ritual da Jurema (hoje bastante miscigenada devido aos fatores já explicados), é no nordeste, tão popular quanto o frevo e o samba no Rio de Janeiro.
Jurema (Acacia Nigra), é a árvore sagrada dos indígenas brasileiros há milênios. Nela concentram-se todos os valores fitoterápicos e místicos de um ritual que de uma certa forma, influenciou todos os demais no Brasil inteiro. Dezenas de encantados e mestres espirituais do ritual da Jurema povoam as “Casas de Nação” (candomblés) os quais não podem negar-lhes “espaço”. A Jurema por ser um ritual totalmente brasileiro é o único que se equipara aos seus congêneres africanos por ter sua própria Raiz e Origem. A raiz, é a árvore com suas folhas, casca a raízes – A origem é Monan, deus supremo dos Tupis,Caetés, Tabajaras, Potiguás, Tapuias, Pataxós e outras nações indígenas. Seus protetores eram (até a chegada do branco), Tupan, Yara, Caapora, Curupira, Boiúna, Mo Boiátatá, Jaguá, Rudá, Carcará e outros mais. Eram de tribos diferentes, mas cultuavam os mesmos deuses aos pés da mesma árvore: JUREMA.
Com a miscigenação entre os indígenas e o branco e entre indígenas e o negro miscigenaram-se também, suas culturas, seus arquétipos, seus usos e costumes. Com o aparecimento “caboclo” (mestiço), apareceram também os encantados resultados desta mestiçagem. O ritual da Jurema, vulgarmente chamado de “Catimbó”, devido ao uso de cachimbos durante a prática, é cercado de preparos e cuidados especiais respeitanto-se prioritariamente a ancestralidade de cada um ou da própria raiz em torno da qual realiza-se a prática. Esta por sua vez, obedece à vínculos locatícios chamados de “cidades da jurema”, cada uma com seu nome. O ritual tanto pode ser feito sobre uma mesa com pode ser feito no chão. As forma são distintas, com objetivos as vezes diferentes.
Os ingredientes e apetrechos usados nos rituais de Jurema são os seguintes:
Cachimbos confeccionados à mão de diferentes troncos de árvores Fumos feitos com folhas de tabaco misturadas com folhas de diferentes árvores (dependendo da intenção do “trabalho”) Maracá (chocalho indígena) para invocar os mestres encantados Pequenos troncos de Jurema sobre os quais acende-se velas (dependendo do número de “Cidades” as quais serão invocadas – (preferencialmente 4 cidades) Sineta de metal nobre para invocação dos Mestres - (no passado era com caxixi) 2 ou mais copos altos e largos com água Toalha vermelha ou branca se for na mesa e vermelha se for no chão.

ALHANDRA, a Cidade Sagrada

A cidade sagrada da Jurema é ALHANDRA na Paraíba, entre João Pessoa e Recife. Este é o MARCO ZERO da Jurema no Brasil e também, centro de romarias de milhares de pessoas anualmente. Dentro de Alhandra estão outras três outras cidades sagradas conhecidas por Acais, Tapuiú e Estiva. Lá também estão os túmulos de vários mestres famosos no Brasil inteiro. Maria do Acais, Damiana Guimarães e Zezinho do Acais, fizeram a fama desta cidade que contém a Jurema de Cangaruçu por todos respeitada neste Brasil. Nenhum mestre da Jurema deve o pode ser tratado como se fosse um Egun ou Exu!

Mestres famosos da Jurema:

Mestra Maria do Acaís (Maria Gonçalves de Barros)
Mestre José Pilintra (José de Aguiar dos Anjos)
Mestre Major do Dia 
Mestre Cabeleira (Dom José do Vale) 
Mestre Zezinho do Acais
Mestre Cangaruçu
Princesa de Leusa
Mestra Maria Elisiara
Mestra Joana Pé de Chita (Joana Malhada)
Mestra Damiana Guimarães
Mestre Emanoel Maior do Pé da Serra (Emanoel Cavalcante de Albuquerque) 
Mestre Manoel Cadete
Mestre Marechal Campo Alegre
Mestre Arcoverde
Mestre Tertuliano
Mestre Malunguinho
Mestra Piorra
Mestre Carlos Velho (José Carlos Gonçalves de Barros)
Mestra Maria Solomona
Mestra Judith do Barracão
Mestra Maria Padilha
Mestre Antônio Macieira
Rei Eron
Mestre Cesário
Mestra Jardecilia ou Zefa de Tiíno
Mestre Tandá
Mestra Izabel
Mestre Zé Quati
Mestre Casteliano Gonçalves
Mestra Fortunata do Pina (Baiana do Pina)
Mestre Nêgo do Pão
Mestra Maria Magra
Mestre Candinho

Cidade do Segredo da Jurema


Tambaba


 

7 Cidades Sagradas


Jurema, Vajucá, Junça, Angico, Aroeira, Manacá e Catucá.

 

Toadas (cantigas) de alguns Mestres do Catimbó ou Jurema:


Mestre Malunguinho: 

"Malunguinho está nas matas, ele está é abrindo mês a um Rei. Me abra este mesa Malunguinho e tire Espec do caminho. Espec aqui, espec acolá para os inimigos não passar. Espec aqui Espec acolá para os inimigos eu derrotar." – (bis)

Mestre Major do Dia: 

"Ó meu Major, ó meu Major, meu Major de Cavalaria. És meu major, és meu Major, és Meu Major do Dia." – (bis)

Mestre Zezinho do Acaes:

"De longe venho saindo, de longe venho chegando, tocando a minha viola e as meninas apreciando. Cantando eu venho folgando eu estou. Cantando eu venho da minha cidade. Minha barquinha nova nela eu venho, feita de aroeira que é pau marinho. Quem vem dentro dela é o meu Bom Jesus, de braços abertos, cravado na Cruz. – Aurora é Canindé, Aurora é Canindé."

Mestre Cabeleira - (Zé do Vale)

"Eu venho de porta em porta caindo de déu em deu. E casa que eu conheço é a sombra do meu chapéu. Fecha a porta gente que o Cabeleira e vem. Pegando rapaz, menina também. Pegando rapaz, menina também. Minha mãe sempre dizia, “meu filho tome abenção, meu filho nunca mate, menino pagão” – Subi serra de fogo com alpercata de algodão, se a alpercata pega fogo, o boto desce de pé no chão. E o meu cavalo, é maresia...ele vadeia lá na praia do lençol." – (bis)

Mestra Maria de Elisiara:

"Que campos tão lindos, vejo o meu gado todo espalhado, lá vem Maria de Elisiara, que vem ajuntando o gado. Lá vem Maria de Elisiara, rainha de Salomão, que já foi Mestra e hoje é discípula do nosso querido Rei João. Que Campos lindo e Varandas" – (bis)

Mestra Joana Pé de Chita: - (Joana Malhada)

"Eu sou Joana da cidade de Santa Rita, tenho um Cachimbo respeitado, eu sou Joana Pé de Chita" – (bis)

Mestre Emanuel Maior do Pé da Serra: 

"Campos Verdes, meus Campos Verdes, tua luz estou avistando, da cidade de Campos Verdes, Emanuel Maior já vem chegando. Campos Verdes, meus Campos Verdes vejo o meu gado todo espalhado, da cidade de Campos Verdes Emanuel Maior vem ajuntando o gado. É fogo na “Gaita” e toque o “Maracá”, bote água na cuia pra Emanuel Maior tomar."

Mestre Rei dos Ciganos – (Barô Romanó)

"Eu estava sentado na pedra fria, Rei dos Ciganos mandou me chamar. Rei dos Ciganos e a Cabocla Índia, Índia Africana no Jurema. Quem traz a flecha é a Cabocla Índia, Rei dos Ciganos mandou me entregar. Quem traz a flecha é a cabocla Índia, eia arma a flecha que eu vou flechar. Quem traz a flecha é a Cabocla Índia, eia arma a flecha vamos flechar."

Mestre Tertuliano:

"É de Ipanema, é de Ipanema – Tertuliano trabalhando na Jurema" – (bis)

Mestre Marechal Campo Alegre:

"Eu dei quatro volta no mundo e o sino da capela gemeu. Sou eu Marechal Campo Alegre, e o Dono do Mundo sou eu." – (bis)

Mestra Judith do Barracão:

"Judith ó minha Judith, Judith lá do Barracão e os campos de Judith, são campos, são campos. E atira, Judith atira, pedaço "preaca" de mulher. E os campos de Judith são campos, são campos. E atira, Judith atira cabocla negra de Ioruba, e os campos de Judith são campos, são campos. E o bueiro de Judith, é bueiro, é bueiro. E o molambo de Judith, é molambo, é molambo. E o baralho de Judith, é baralho, é baralho."

Mestre Navisala:

"Eu venho de longe, sem conhecer ninguém. Venho colher as rosas que a roseira tem. Mas eu sou boiadeiro, não nego o meu natural. Quem quiser falar comigo, bem vindo seja no Juremal." 

Mestra Maria Padilha:

"Que grito foi aquele que o mundo estremeceu suas varandas. Foi de Maria Padilha, e a dona do mundo é ela ó minha varanda."

Mestre Légua Bogi-Buá Trindade:

"Légua, eu sou Légua, Légua Bogi Buá. Mas eu plantei a Légua no tronco do Jurema. – (bis)"

Mestre Zé Pilintra - (José Aguiar dos Anjos) – Ritual de Catimbó raiz Alhandra, Junça, Vajucá. 

"Mandei chamar Zé Pilintra, nego do pé derramado e quem mexer com Zé Pilintra, ou fica doido ou vem danado. – (bis) – Seu doutor, seu doutor, Zé Pilintra chegou. Se você não queria, para que lhe chamou. Dilim-Dilim, bravo senhor, dilim-dilá, bravo senhor, Zé Pilintra chegou, bravo senhor para trabalhar. Bravo Senhor."

"Lá na Vila do Cabo, ele é primeiro sem segundo. Só na boca de quem não presta, o Zé Pilintra é vagabundo."

"Zé Pilintra no Reino Eu sou um Rei Real. Zé Pilintra no reino e eu vim trabalhar. Trunfei, Trunfei, Trunfei, Trunfá. Zé Pilintra no Reino, estou no meu Jurema. Trunfariá!"

"Chegou José Pilintra, sou o assombro do mundo inteiro. Sou faísca de "fogo-elétrico", sou trovão do mês de janeiro."

"Na passagem de um rio, Maria me deu a mão. E o prometido é devido, é chegada a ocasião".

"Eu matei meu pai e minha mãe. Jurei padrinho e Jurei Madrinha. Matei um cego 

 

O RITO DA JUREMA
A cosmovisão religiosa da Jurema centraliza-se no reino da Jurema, “… que, em Alhandra,
é também denominado de Encantos. Esse reino, de acordo com os juremeiros da região,
seria composto de sete cidades, sete ciências: Vajucá, Junça, Catucá, Manacá, Angico,
Aroeira e Jurema. Como mencionado acima, Andrade foi o primeiro a relatar a existência
de um Reino da Jurema. Este, segundo o autor, se dividiria em outros onze reinos:
Juremal, Vajucá, Ondina, Rio Verde, Fundo do Mar, Cova de Salomão, Cidade Santa,
Florestas Virgens, Vento, Sol e Urubá.
A existência de um mundo dos “encantados”, que seria dividido, segundo alguns, em sete:
Vajucá, Urubá, Juremal, Josafá, Tigre, Canindé e o Fundo do Mar, e cinco, segundo
outros, que seriam os quatro primeiros, mais Tanema, ou o Reino de Iracema. Esse
“mundo do além”, segundo ele, seria dividido em Reinados ou Reinos, cuja unidade seria a
aldeia. Cada aldeia, por sua vez, teria três mestres. Assim, 12 aldeias formariam um reino,
composto de 36 mestres. Nesse reino, haveria cidades, serras, florestas e rios”

Jurema e a cidade-estado deste mundo espiritual. Em Alhandra,localidade do litoral paraibano,considerada por muitos o berço de uma grande linhagem de catimbozeiros e mestres do além,como Manoel Inácio e Maria do Acais,que lá formaram escola quando em vida;as arvores de jurema cultivadas pelos catimbozeiros são considerada as próprias cidades espirituais ."A 'cidade' mais antiga de jurema,cujo o pe de jurema teria sido plantado pelo mestre Inácio,regente dos índios,é o arbusto e sempre venerado ,e muitas vezes,e muitas vezes há velas acesas ao anoitecer. ...O lugar é chamado pelos entendidos de 'cidade do major dos Dias'... Mestre Inácio e o Mestre Major do Dias foram proprietários de estiva.O atual proprietário,o mestre Adão, um dia tornar-se-á
também mestre do alem depois que o seu espírito for lavado,esse sim e o verdadeiro guardião da jurema,me entristece muito aos dirigentes de federações ou organizações de cultos e ceitas darem titulos de guardiões de cidades encantadas como a nossa sagrada jurema em Alhanda pois e vergonhoso alguém se titular a guardião de tamanha ciência onde existe tantos antigos que tem historias raízes e origens a contar, meus irmãos juremeiros não encruze os braços com tamanha hipocrisia mediante a essas barbaridades,criancices e infantilidade.Existe tantos nomes de pessoas embaladas no tombo da jurema que não pode ser esquecida acima citado historias lendas e mitos de verdadeiros guardiões e na Paraíba deveria ter um certo respeito a escolher o guardião com tamanha responsabilidade assim como no vaticano o papa não se elege o presidente da republica espera que se reúnam em conselho,e entrega o seu titulo elegido por escolha de merecimento aos seus cargos pois titulo não se toma se conquista por direito de cidadania do seu povo que elegeu assim deveria ser com guardiões procurador de qualquer órgão religioso,ceitas ou cultos,venho através desta chamar a atenção da nossa responsabilidade juremeiros e juremeiras que esse depoimento não seja uma afronta a nenhum adepto que esteja realmente titulado ao cargo citado pelo conselho de todo povo juremeiros e o titulo concebido por uma federação e um órgão competente a este mandamento,que Deus abençoe a todos, e se Deus e por nos quem será contra nos,avante filhos de fé como a nossa lei não ha. levando ao mundo inteiro a bandeira de Oxalá,salve todo povo de jurema e todos os antigos que permanece na função e os que se encontra no orun,salve a saudosa MÃE JOANA DE BAE,O SENHOR SEBASTIAO GAMA,DONA IRENE,DONA INDIA E A SAUDOSA DONA RITA JUREMEIRA,salve povo de PATOS,POMBAL,CAJAZEIRA,SOUZA,CAMPINA GRANDE,RIO GRANDE DO NORTE,TODO CERTÃO NORDESTINO onde se localiza muito povo juremeiro esquecido de alguma forma que Deus abençoe a todos ANJICO REAL.

Essa foto é a realidade do Acais hoje.

A Cidade Sagrada é constituída apenas de túmulos dos mestres juremeiros, envolvidos por centenas de pés de jurema, Para o culto, os seguidores obedecendo á Rainha Jurema, não admitem casas cobertas com telhas, elas tem de ser de palha, inclusive as paredes. No centro, um altar com uma estatueta e apetrechos para despachos, uma gaita mestra, um cachimbo de barro que foi de Maria do Açaís”primeira”, aguardente só quando “Zé Pelintra” aparece.

Alhandra é o país da Jurema, é o berço de “Zé Pelintra”, santo desse reino estranho e seu mais destacado protetor.Segundo mestre Carlos Leal, ele foi muito perseguido e era fichado na policia como catimbozeiro. Com Maria do Açaís morta em 1937 e mestre Casteliano falecido em 1923, tomava sempre as providencias possíveis para escapar à ação policial.

A PRIMEIRA ARVORE

Nesse estranho mundo que é Alhandra, seu chão é coberto por pés de jurema. Damiana esta cansada e quase não trabalha mais em seu terreiro outrora famoso. Ela conta que os praticantes de umbanda em Alhandranome quase místico, se originaram de antigos feiticeiros índios. Crê também que a jurema foi a primeira arvore que Deus plantou quando criou o mundo.Arvore que causa arrepios nos mais crédulos e estrapadas violentas nos incautos, estava ameaçada pelo progresso que os juremeiros designam de outro modo, lutando pela preservação.

O CRESCIMENTO DO CULTO

A jurema, arvore centenária, tipicamente nordestina, cresceu de tal forma como cresceu sua seita hoje uma religião, reunindo a maior parte dos adeptos do espiritismo na Paraíba. Para a Federação dos Cultos Africanos da Paraíba é importante uma campanha de divulgação ao grande publico da Paraíba “muitas pessoas inescrupulosas, afirma seu presidente se dizem conhecedoras do ritual e através de publicações, ensinam normas erradas e ervas perigosas que podem causar a morte aos curiosos. Um egum mal controlado é altamente perigoso, nenhum livro que tenha versado até hoje sobre o assunto é reconhecido como oficial, pois um ritual profundo e misterioso não pode ser ensinado em livros e sim através de iniciação por um mestre que tenha suas raízes no Açaís ou Alhandra”.

Vinde, vinde, jurema

Juremeinha minha

Jurema sagrada

Jurema rainha

Ali bem pertinho de João Pessoa esta a Cidade Sagrada de Jurema, as arvores e os seguidores da religião, resta preserva-los porque a jurema para os paraibanos adeptos de umbanda é um símbolo cabalístico da entidades dos orixás.

É em Alhandra município a 26 quilômetros ao sul de João Pessoa, onde se ergue a Cidade Sagrada de Jurema. Foi lá que nasceu em 1813 José de Aguiar, o “Zé Pelintra” que ao morrer com 114 anos de idade se tornaria a entidade espírita mais discutida nos terreiros umbandistas do Brasil, pelo seu linguajar pornográfico e paixão pelo marafo.

No cemitério da Cidade Sagrada estão sepultados 42 mestres famosos entre os quais, além de “Zé Pelintra”, Joana “Pé de Chita”, a mestra justiceira que morava em Santa Rita, a mestra Juremeira Maria do Açaís, Tertuliano, José Vicente, mais conhecido por “Malunguinho”, Manoel “ Maior do Pé da Serra”, mestre Carlos, “Zezinho do Açaís”, Heron e esposa Salomé, Rosalina, João de Alhandra, “Dondom”, “Pinicapau”, “Coqueiral”, “Cadete”, “Cangaruçu”, “Tambaba” e outros.

JUREMA

Arvore tipicamente nordestina, a jurema é venerada quase como uma divindade. Frondosa e de beleza impressionante, vive mais de 200 anos, é espinheira e sua fama corre o Brasil e o mundo. Segundo a crença indígena, possui poderes milagrosos, emanando fluidos benéficos. Em sua parte externa existe uma camada de lodo empregada em defumações, para o banho de limpeza. Da casca, flor, e folhas são extraídas emulsões para o preparo de bebidas, banhos aromáticos para afastar entidades maléficas e fortificar os mestres. A Cidade Sagrada surgiu num sitio em Alhandra. Cada mestre que morria tenha uma semente de jurema plantada em sua sepultura. Servia como identificação para os umbandistas.

A Jurema é uma planta da família das leguminosas, comum no Nordeste brasileiro, com propriedades psicoativas. A família das leguminosas possui importantes espécies cultivadas para alimentação, inclusive do nordestino (MangalôAnduAlgaroba, além de Feijões de diversas espécies incluindo a Soja. A subfamília Faboidea ou Fabaceae) também exerce importante função ecológica por abrigar espécies de bactérias nitrificantes ou seja que fixam nitrogênio, essencial para a vida, no solo. [1]

O termo Jurema designa várias espécies de Leguminosas dos gêneros MimosaAcácia e Pithecelobium[2] [3], No gênero Mimosa, cita-se a Mimosa hostilis Benth., a Mimosa Verrucosa Benth e a Mimosa tenuiflora. No gênero Acácia identifica-se a Acacia piauhyensis Benth, ou Acácia jurema, além disso várias espécies do gênero Pithecellobium também são designadas por esse mesmo nome. A classificação popular distingue a Jurema branca e Jurema preta. Para Sangirardi Jr.(o.c.) a Jurema preta é a M. hostilis ou M. nigra, a Jurema branca o Pithecellobium diversifolium Benth e a Mimosa verucosa corresponde a Jurema - de – oeiras. Ainda segundo esse autor o termo Jurema, Jerema ou Gerema vem do tupi yú-r-ema – espinheiro. Entre espécies conhecidas como jurema inclui-se ainda: Jurema-embira (Mimosa ophthalmocentra); Jurema-angico (Acacia cebil). Souza et al. [4] em estudos de revisão identificou dezenove espécies diferentes conhecidas como "Jurema" onde se constata a presença de alcalóides, embora, segundo seu estudo as espécies conhecidos sobretudo como como "jurema-branca" não contenha alcalóides triptaminicos.

Jurema Seca na Caatinga

Além da Jurema a família das Leguminosas também abriga entre quatro e cinco espécies com compostos psicoativos em sua composição bioquímica, a saber: Erythrina crista-galli, o Mulungu ou Corticeira conhecido sedativo; Mimosa pudica com propriedades anti- reumáticas, sedativas, laxantes [5]; Piptadenia peregrina (da qual se faz o rapé Paricá com propriedades psicoativas utilizado por índios da Amazônia em rituais). (Sangirardi Jr.1983 (o.c.)) Algumas variedades de Acácia australianas tipo a Acacia maidenii também possuem propriedades semelhantes à Jurema [6] [7]

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Jurema_(%C3%A1rvore)

O então repórter Nathanael Alves em um trabalho realizado para a revista “Cabo Branco” já dizia que “ se a policia de 1927 tivesse localizado as covas, exumaria e queimaria os cadáveres”.Os pés de jurema desenvolveram-se de tal forma na região, servindo de esconderijo para os mestres sepultados, que hoje o campo nem pode servir de passagem para o gado.

JUREMA, A SEITA

A jurema está para a Paraíba como o candomblé para a Bahia.

“Oh! Jurema preta, senhora rainha

É dona da cidade, mas a chave é minha

Oh! Jurema preta, senhora sagrada

Vou mandar os males

Para as encruzilhadas.

Seu culto é uma variante da umbanda, somente praticado na Paraíba, em tradição proveniente dos Tabajaras. Para ser juremeiro é preciso ser consagrado e iniciado numa ritualística de mais de mil anos, começando como discípulo tirador de jurema, preparador de junca, firmador de toadas, flor de mesa e mestre. O ritual é feito com maracá, cachimbo, sineta e gaita. A bebida oficial é o vinho de jurema que, apesar de deixar levemente tonto o praticante não leva qualquer substancia alcoólica como erradamente pensam. Os cachimbos são feitos da troncos da jurema, e outras árvores sagradas e , tem dia certo para ser arrancada e não é qualquer uma que serve. O maior poder do ritual está na fumaça do cachimbo, todos os juremeiros mestrados são grandes controladores de eguns, daí dizer-se que eles são babás de eguns, como no candomblé, os seguidores da jurema são profundos conhecedores de uma força da natureza conhecida como Osanha.

Desmentem que “Zé Pelintra” seja exu e são especialistas em trabalhos de feitiçarias com folhas do mato.

FOTO E VÍDEO DO MÉDIUM ALLAN COM O MESTRE JOSÉ DE SANTANA 

A FESTA NADA MAIS É DO QUE UMA MANEIRA DE PRESTIGIAR A MESTRIA E A QUEM FAZ PARTE DA JUREMA.

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